Como é bem sabido, os problemas educativos, são complexos e fortemente influenciados por forças que decorrem, por exemplo, dos contextos políticos e económicos envolventes. Defendemos que o recurso a contributos a que podemos ter acesso através do estudo crítico das obras de Freire poderia oferecer alternativas relevantes para a conceção e prática de uma educação de qualidade, preocupada com um mundo menos injusto, menos discriminatório. Porém, vamos percebendo que, na atualidade, é realmente muito insuficiente, o espaço que é dado a esse estudo e reflexão sobre a obra de Freire, na formação em Ciências Sociais e Humanas. É essa inquietação que está na base estruturante da presente pesquisa: a partir de um estudo exploratório, analisamos as perceções dos estudantes da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), sobre as ideias de Paulo Freire, e identificamos os conhecimentos que eles possuem sobre o Instituto Paulo Freire de Portugal (IPF-PT). Na abordagem metodológica utilizou-se o método de Mapas de Significados (Falk & Dierking, 2000), como uma ferramenta dialógica (Freire, 1987) de recolha de dados, a partir da pergunta mobilizadora: Que perceções têm os estudantes da FPCEUP sobre as ideias de Paulo Freire?, e o método de Análise de Conteúdo (Bardin, 2006) das Entrevistas Compreensivas (Ferreira, 2014) dirigidas a 16 estudantes dos cursos de Psicologia e de Ciências da Educação. O Mapa de Significados permitiu elencar e hierarquizar categorias, temas e subtemas estruturando-os numa forma imagética. Já a Análise de Conteúdo possibilitou articular estas categorias com as conceções emergidas na análise das entrevistas. A partir dos resultados, constatamos e identificamos que, embora os entrevistados concordem com as frases de Paulo Freire, a maioria afirma não conhecer o autor ou as suas obras também desconhecem a existência do IPF-PT. A análise das entrevistas também demonstra que os estudantes se preocupam com a forma como o currículo é considerado na sociedade, levantando questões relacionadas com a inclusão, a alteridade, a praxis e a não valorização dos saberes tradicionais na academia.
Palavras-chave: Experiência e comunicação; Educação e liberdade; Mapa de Significados; Instituto Paulo Freire - Portugal
Referências
Bardin, Laurence (2006). Análise de conteúdo. 3ª Edição. Lisboa: Edições 70.
Falk, J. & Dierking, L. (2000). Learning for museums. Visitor experiences and the making of meaning. Toronto: Altamira.
Ferreira, Vitor (2014). Artes e manhas da entrevista compreensiva. Saúde e Sociedade, 2 (23), 979-992.
Freire, Paulo (1987). Pedagogia do oprimido. 17ª Edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
* Doutorandos em Ciências da Educação
** Diretora do Instituto Paulo Freire - Portugal
Email: ipfportugal@fpce.up.pt
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto
Rua Alfredo Allen, 4200-135 Porto, Portugal
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