O debate e contributo das Ciências da Educação têm evidenciado que a sociologia do conhecimento deve se constituir como o ponto fulcral na concepção de políticas educativas, consubstanciado por uma relação educativa que conjuga as experiências e os saberes dos alunos com o conhecimento curricular para que se erga um processo de coconstrução na abordagem dos conteúdos programáticos. Isto, pressupõe que o currículo e a escola se manifestem abertos para receberem outros conhecimentos e articulá-los na dinâmica dodocente (Freire, 2018), pelo que a política educativa deve atentar para o conflito que se instala entre a dimensão nacional e a dimensão local a fim de descortinar as forças e poderes que imperam no desenvolvimento curricular a nível micro ou macro (Ball, 1998). No presente artigo nos propusemos reflectir sobre a educação de Surdos numa referência de escola, através de uma análise que mobiliza elementos adstritos às práticas educativas e curriculares levadas a cabo nestas escolas, com o propósito de empreendermos um debate que interpela os pressupostos da sociologia do conhecimento educacional (Young, 2010) e nos permita perceber em que medida a perspectiva de Paulo Freire se manifesta nas práticas curriculares destas escolas. Através da consulta de fontes bibliográficas, os resultados indicam que as práticas educativas de uma referência de escola para Surdos estão alinhadas com a perspectiva freireana de educação, na medida em que o exercício docente privilegia o diálogo na mediatização efectiva do processo educativo pelo facto de o acesso ao conhecimento curricular ser feito primordialmente com recurso à língua gestual. Conclui-se que esta escola manifesta um comprometimento com a educação libertadora, na medida em que a centralidade do processo educativo é atribuída ao aluno e o currículo é assumido como um meio e não um fim, por conta das soluções pedagógicas/didácticas (re)criadas e da diversidade de alunos/as que por ela passam.
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