Reflexões sobre aprender a dizer a sua palavra em contexto de diversidade educacional para a cidadania
Lillian Nobre Gois Pinheiro * , Luis Muengua  1, *@  
1 : Faculdade de Psicologia e de Ciencias da Educacao da Univerisdade do Porto, Portugal  -  Site web
Rua Alfredo Allen, 4200-135 Porto, Portugal -  Portugal
* : Auteur correspondant

A palavra na filosofia de educação de Paulo Freire assume um estatuto que supera o de mero suporte linguístico carregado de significados. É, pois, carregada de sentido e valor que são traduzidos e ressignificados na relação comunicativa e dialogante sujeito-mediador na aprendizagem, onde os saberes são contextualizados e as experiências do sujeito são assumidas como elementos que informam a relação educativa, cuja mobilização visa torná-lo ativo nos processos de construção do conhecimento e desenvolvimento de competências para a cidadania. Aqui, a palavra deve ser capaz de transformar o sujeito e desmistificar a ideia de uma educação bancária, razão pelo que a educação que perspectiva a emancipação do sujeito deve assumir um caráter político (Freire, 2018) com ciência e ternura, com boniteza e arte, no sentido de tornar as suas práticas como um exercício de libertação do sujeito por via do cultivo de uma consciência crítica, ética e humana e de questionamento contínuo sobre as normas socialmente instituídas a fim de passar a “escutar os apelos que convocam (...) sempre mais além de seus limites” (Fiori, 2018: 15). É por compreendermos que a educação constitui uma forma de intervenção no mundo que realizamos a pesquisa com a expectativa de procurarmos perceber as possibilidades de o estudante dizer melhor a sua palavra em contexto de diversidade educacional; identificar o modo como as Ciências da Educação podem contribuir para que desenvolva a autonomia e a emancipação cidadã com vista ao alcance de uma educação mais libertadora e inclusiva. A metodologia do estudo esteve alicerçada nos paradigmas fenomenológico-interpretativo e sociocrítico (Amado, 2017), traduzida por meio de pesquisa bibliográfica e pela técnica de análise desses dados. Os resultados apontam que a presença de um diálogo efetivo e a escuta conferem a centralidade aos estudantes, que atende às particularidades e valoriza os saberes destes e contribui para a emancipação cidadã. Conclui-se que a palavra continua sendo um elemento que configura as relações e o exercício de poder na relação educativa, devido ao aniquilamento do sentido crítico da educação, o que compromete, por conseguinte, o alcance dos pressupostos da educação libertadora e inclusiva, daí que a postura do mediador educativo se afigura importante no processo de ensinar e aprender a dizer a palavra.

Palavras-chave: Palavra e diálogo; Educação Libertadora; Inclusão cidadã.

Referências

Amado, João (2017). A Investigação em educação e seus paradigmas. In Amado, João (Coord.). Manual de Investigação Qualitativa em Educação. 3ª Edição (pp. 21-73). Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra.

Fiori, Ernani (2018). Prefácio da edição original: Aprender a dizer sua a palavra. In Freire, Paulo. Pedagogia do oprimido. 3ª Edição. (pp. 13-24). Porto: Edições Afrontamento.

Freire, Paulo (2018). Pedagogia do oprimido. 3ª Edição. Porto: Edições Afrontamento.

 

Notas finais e contactos:

1 Lillian Pinheiro - Doutoranda em Ciências da Educação pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) Portugal. Mestra em Ciências da Educação pela FPCEUP. Graduada em Administração Pública pela Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL) Brasil. lillian_nobre@hotmail.com

2 Luis Muengua - Doutorando em Ciências da Educação pela FPCEUP. Mestre em Ciências da Educação pela FPCEUP. Licenciado em Ensino de Desenho pela Universidade Pedagógica – Maputo, Moçambique. luismuiengua@gmail.com



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