Na trajetória sócio-histórica da Educação, destacaram-se por séculosconceções educativas tradicionais, autoritárias em que as realidadese as culturas das crianças e dos jovens não eram consideradas. Posto isto, as tomadas de decisões baseavam-se em interpretações e resoluções adultocêntricas. A proposta da Pedagogia Crítica (Freire,1987; Gadotti,1998) surge como contraponto a estas e assumir-se como a mais relevante nos dias de hoje é urgente, haja vista que na Pós-modernidade busca-se a reflexão e a rutura de padrões, estereótipos e discriminação de género, etnia e de classe social, entre outras. Estes autores afirmam que a educação deve ir mais além de (re)produzir ideias dominantes e ter um caráter político, social, transformador e emancipatório. Pois, constitui-se como uma proposta crítica enquanto reconhecimento político, plural e cívico que importa garantir o diálogo e confronte as visões hegemônicas da educação e da sociedade.
É na linha deste pensamento, ancorado no método biográfico(Nóvoa, 1988),no paradigma pós-moderno e na abordagem qualitativa (Amado, 2017), que se orienta o presente estudo, cuja base discursiva visa produzir questionamentos sobre as práticas de ensino em contextos institucionais onde ocorre o processo de (re)significação de meninos e meninas marginalizados/as e em situação de vulnerabilidade social, assim como é constitutiva das suas identidades e percursos. Ou seja, busca-se debater e criar estratégias educacionais em que os processos de construção da identidade destes indivíduos não sigam modelos e padrões sociaisreplicados dentro da instituição em que promove a desigualdade de oportunidades entre meninos e meninas.
Para tal, desenvolvemos um processo de análise de dados em que utilizamos trechos de quatro narrativas, sendo que duas femininas e duas masculinas. Desta forma, pretende-se identificar e confrontar o aprendizado imposto pelo género na ação educativa e no cotidianodestas crianças, tendo identificado marcas opressoras e de desigualdade de oportunidades de género. Assim, o estatuto que lhes é atribuído de forma impositora como são empregues para a escolha de saberes condicionam o desenvolvimento de padrões e normas de como ser mulher e como ser homem. Contudo, os contextos frágeis em que estes estão inseridos, constitui um desafio para que haja uma perceção questionadora sobre estes saberes impositores e normativos.
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