O primeiro quartel do século XXI está sendo marcado por uma avalanche de retrocessos sociais em todos os continentes, em consequência direta da ofensiva neoliberal. O Estado vai abrindo mão das suas funções e as transferindo para o mercado. Nessa nova lógica, os direitos fundamentais dos cidadãos são dissuadidos e o que antes era um dever do Estado, se torna um serviço oferecido pelo mercado. A declaração universal dos direitos humanos está sendo destruída e as consequências disso se evidenciam no aumento do desemprego, da pobreza e da violência. Outra característica marcante da contemporaneidade são os avanços tecnológicos, sobretudo os da comunicação, que provocaram mudanças significativas nas formas de interação entre os seres humanos. Em tese, tudo está acessível a todos, para o bem ou para o mal. As redes sociais romperam barreiras geográficas e sociais permitindo que pessoas se conhecessem e interagissem a partir de afinidades diversas, mas sobretudo ideológicas. As redes são compreendidas como uma metáfora para observar os padrões de conexão de um grupo social (RECUERO, 2009). Em nome da liberdade de expressão, as redes estão sendo utilizadas para a divulgação de práticas discursivas que incutem ou alimentam as agressões verbais, de cunho moral, que assumem a forma de discursos de ódio, emergentes da necessidade de impor um silenciamento ao diferente. Quem dissemina discurso de ódio é um criminoso. Para MACHADO (2002), o discurso de ódio expressa percepções individuais que desqualificam, humilham e inferiorizam indivíduos e grupos sociais. Ele intenciona a disseminação da discriminação desrespeitosa contra o “diferente”, a fim de desqualificar ou banalizar o argumento do “outro”. Defendemos a tese de que o discurso de ódio online é crime, ignorância e má uso tecnológico. Precisa ser combatido veementemente para garantir a dignidade de todos os seres humanos. A educação dialógica (FREIRE, 1987) pode contribuir significativamente nesse processo e resignificar a utilização das redes sociais. Este trabalho se insere na perspectiva qualitativa, a qual apresenta considerações com base em percepções e análises a respeito de leituras e acontecimentos que envolvem o discurso de ódio on-line. A pesquisa desenvolvida é exploratória. Foi utilizado o método de abordagem dedutivo. Foi utilizada como técnica de pesquisa a revisão bibliográfica, com fundamentação teórica apoiada em livros, artigos e periódicos.
Palavras Chave: Discurso de ódio, educação, neoliberalismo.
REFERÊNCIAS
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 17.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
MACHADO, J. E. M. A liberdade de expressão. Coimbra: Coimbra, 2002.
RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2009