Os deslocamentos são características fundamentais dos seres vivos. Entretanto, as tensões produzidas por esses processos têm provocado a xenofobia, discursos de ódio e a justificativa de tais atos pela ‘defesa' de territórios, modos de vida e valores que foram criados pelos próprios seres humanos.
As diferenças culturais, étnico raciais, gênero, classe, religião e tantas outras justificam tais atitudes? O que nos difere é mais importante do que o que nos humaniza? Estas e outras questões nos impulsionou na produção deste trabalho. Nosso objetivo é narrar práticas educacionais que problematizam/ desconstroem/ desnaturalizam a xenofobia presente em nossa sociedade. Para tanto, utilizamos o cinema e a literatura que chamamos de artefatos culturais, para nós são desencadeadores e potencializadores dessas e outras questões.
Nossas conversas teórico-epistemológicas se dão com Certeau, Freire, hooks, Bhabha e Deleuze numa tentativa de pensar uma educação popular e em redes que contribua para a reinvenção de si e do mundo.
Neste sentido, faz-se importante mencionar as redes que nos constitui enquanto pesquisadores. Estamos vinculados ao campo das pesquisas nos/dos/com os cotidianos e desta forma conversamos com autores que nos permite pensar as práticas cotidianas e a complexidade da vida para além das questões macro políticas e econômicas.
Conforme mencionamos, o cinema é um dos artefatos culturais que usamos em nossas conversas acerca dos movimentos migratórios. Para Deleuze, o cinema cria realidades que nos permite pensar acerca de temas produzidos, tecendo inúmeros conhecimentossignificacoes, contribuindo na formação dos praticantespensantes em seus cotidianos, inclusive as escolas.
Compreendemos que a escola é um espaçotempo de produção de conhecimentos. Ela não apenas produz conhecimentos, mas formação humana. Como professores de escola pública, nos sentimos impelidos a fomentar discussões que fazem parte dos nossos cotidianos e dos cotidianos dos estudantes. É o que hooks (2016) nomeou como pedagogia engajada que compreende os sujeitos de maneira integral, numa relação não restrita a transmissão de conhecimentos mas reinventa a si mesmo e ao mundo em que vive.
Referências Bibliográficas
BHABHA, H. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1998.
CERTEAU, M. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Tradução: Ephraim Ferreira Alves. 21. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
DELEUZE, G.; Guattari, F. Os personagens conceituais. In: DELEUZE, Gilles' GUATTARI, Felix. O que e filosofia? Tradução: Bento Prado Junior e Alberto Alonso Munhoz. Rio de Janeiro: Editora 34, 1992.
HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla - São Paulo: Martins Fontes, 2013.
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