Cineconversas e práticas curriculares: diálogos com filmes sobre processos migratórios
Fernanda Fernanda Cavalcanti De Mello  1, 2@  , Maria Do Carmo Maria Do Carmo Morais Da Mata Rodrigues  3, *@  , Noale Noale De Oliveira Toja * @
1 : Fernanda Mello
2 : Faculdade de Formação de Professores- FFP/UERJ
3 : UERJ
* : Autor correspondiente

Acreditamos que o cinema, como um importante artefato cultural, nos faz pensar a respeito das muitas realidades que atravessam as redes educativas, favorecendo as conversas dessas temáticas, fazendo dos filmes e suas abordagens, potentes artefatos curriculares e que podem fortalecer as redes de apoio aos migrantes. Esse é o movimento que realizamos em nossas pesquisas com os cotidianos (ALVES, 2019) no Laboratório de Imagem e Som, da UERJ, com o projeto de pesquisa processos curriculares e movimentos migratórios: os modos como questões sociais se transformam em questões curriculares nas escolas. Trazemos para o evento, a explicitação da metodologia que usamos no desenvolvimento do referido projeto. Essa forma de pesquisar possui características “metodológica-epistemológica-teórica”, tais como as ideias de que as imagens e narrativas são “personagens conceituais” (ALVES, 2012), e com elas somos capazes de formar teorias e criar ‘conhecimentossignificações'. Por isso as conversas são mediadas com tais personagens conceituais, os teóricos (DELEUZE, 2004; CERTEAU, 2007) e os personagens dos filmes, sejam eles de ficção ou documental, clichês ou filmes de maior complexidade narrativa. Assim, damos o nome de ‘Cineconversas' (MENDONÇA,2016) em nossas praticas curriculares, com a formação de professores. O uso do cinema e das conversas para ´fazersentirpensar´ as questões a respeito da migração através da ‘práticateoriaprática' possibilita Entendermos que os processos migratórios fazem parte da história da humanidade e, portanto, questões presentes nos currículos escolares. A multiplicidade de narrativas do cinema, e a cultura que as produções expressam, nos mostram de como fazemos parte desse mundo plural, vez que somos herdeiros de diferentes povos. Assim, as ‘cineconversas' são acontecimentos. Nesses momentos, trabalhamos a compreensão de que o modo de registro, no cinema, ocorre através de imagens, narrativas, sons, que dialogam também com nossas memórias propiciando discussões éticas, políticas e estéticas. Nessa comunicação, faremos uma leitura do filme “Era o Hotel Cambridge” de Eliane Caffé, produção brasileira. Um filme híbrido entre documentário e ficção que reúne atores e não atores e trata sobre a ocupação por moradores naturais de diferentes estados brasileiros e migrantes de outras nacionalidades em antigo hotel abandonado localizado no centro de SP, maior cidade brasileira. O filme é apresentado como resultado da criação coletiva da Frente de Luta por Moradia (FLM), do Grupo Refugiados e Imigrantes Sem Teto (GRIST) e da Escola da Cidade. Depois do filme, conversas, sobre a sequencia narrativa entremeada pelas questões coletivas dos moradores e as história pessoais de alguns personagens, em cenas comunitárias e nos espaços de cada morador. As cenas revelam fios e formas narrativas múltiplas como quadros vivos e os diálogos à distância, via internet, como as conversas do congolês com seu irmão e a participação da cantora colombiana Lucia Pulido. O que podemos ‘ensinareaprender' com filme são problematizações acerca desses moradores, acerca de nós, de como mudar o mundo, a partir da luta, resistência e processos criativos.

Referências Bibliográficas:

ALVES, Nilda. Redes educativas, fluxos culturais e trabalho docente: o caso do cinema suas imagens e sons. Financiamentos CNPq, FAPERJ e UERJ, 2012-2017. 2012. (Projeto de Pesquisa).

CERTEAU, Michel ; GIARD, Luce; MAYOL, Pierre. A invenção do cotidiano: 2. Morar, cozinhar. Petrópolis, RJ: Vozes, 9ª Ed., 2009.

 _______; A invenção do cotidiano 1. artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Personagens conceituais. In DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O que é filosofia? Rio de Janeiro: Editora 34, 1992. GUERÓN, Rodrigo. Da imagem ao clichê, do clichê à imagem: Deleuze, cinema e pensamento. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2011, p.26

ERA O HOTEL CAMBRIDGE. Direção de Eliane Caffé. São Paulo. (1, 39 min). 2017.


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