Simpósio: Migrações e gênero: o papel da educação no enfrentamento da opressão
Coordenadora: Sonia Couto - Mestre e Doutora em Educação pela Faculdade de Educação da USP. Licenciada em Letras e Pedagogia, é coordenadora do Centro de Referência Paulo Freire do Instituto Paulo Freire.
Contribuidores:Sheila Ceccon - Engenheira agrônoma, especialista em Horticultura pela Universidade de Pisa-Itália, mestre em Ensino e História de Ciências da Terra, pelo Instituto de Geociências da UNICAMP. Coordenadora da UniFreire, é responsável pela dimensão socioambiental de projetos e assessorias e representa a instituição no Movimento de Educação Popular da América Latina e Caribe (CEAAL) e nos Conselhos Internacionais do Fórum Social Mundial e do Fórum Mundial de Educação.
Michele Rodrigues de Oliveira- Geógrafa, mestre em currículo e doutoranda pela PUC/ SP.
Resumo:
Nas últimas décadas as migrações têm aumentado significativamente na América Latina e Caribe. Questões políticas e econômicas, o aumento dos conflitos socioambientais e da violência agrária contra camponeses e povos indígenas, o desemprego e os desastres ambientais e climáticos têm sido preponderantes para os novos e mais recentes deslocamentos inter-regionais. No Brasil, por exemplo, só no ano de 2018 foram contabilizados 276 conflitos por água, atingindo 73.693 famílias, sendo 85% de comunidades tradicionais. Ao mesmo tempo, 2.307 famílias foram despejadas de forma ilegal das terras que reivindicavam. (Dados da Comissão Pastoral da Terra, https://www.cptnacional.org.br/publicacoes/noticias/conflitos-no-campo)
Além dos migrantes internos, recentemente o Brasil recebeu milhares de migrantes colombianos, haitianos e, por último, venezuelanos. E uma característica importante dessas novas dinâmicas migratórias é a circulação das mulheres. Os estudos migratórios indicam uma crescente feminização da migração na região com características muito próprias que as diferem das migrações tradicionais. Essa feminização pode ser explicada não apenas por um aumento real no número de mulheres nos fluxos populacionais, mas também pela aceitação do conceito de “mulher migrante”. Essa aceitação confere à mulher outro “lugar” social e político nas coordenadas das migrações, pois ela deixa de ocupar o lugar secundário na perspectiva da dependência e assume os riscos e as responsabilidades da condição de mulher e migrante.
Nessa perspectiva, a inserção no mundo do trabalho, a possibilidade de continuar os estudos e a garantia dos direitos reprodutivos, são meios importantes para a garantia da autonomia e do protagonismo das mulheres migrantes que ensaiam novas intersecções de gênero, identidade e cidadania nas trajetórias migratórias.
O seminário aqui proposto discutirá o papel da educação nesse contexto: Quais processos educativos favorecem as atitudes de autonomia e resistência das mulheres que experimentam transformações nas relações sociais e afetivas a partir da experiência migratória? Quais processos educativos constroem solidariedade social, compromisso com o bem comum, e favorecem a existência de sociedades mais justas, social e ambientalmente?
Em outras palavras, pretende-se debater:
Que educação promove emancipação e libertação, contribui para o fortalecimento das pessoas na perspectiva do enfrentamento das situações de opressão às quais estão submetidas?
E ainda, quais processos educativos vão além, contribuem para o fim opressão nas sociedades?
Palavras chave: Educação ; Emancipação ; Gênero; Migrações.
Referências
BRASIL, SENADO FEDERAL. “O livro da Profecia: O Brasil no Terceiro Milênio. Brasília: Coleção Senado, v.1, 1997.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
OLIVEIRA, Márcia Maria de. Dinâmicas Migratórias na Amazônia Contemporânea. São Carlos:Scienza, 2016.
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